segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mais uma daquelas crónicas... (nem sei como tropecei nela, mas vale mesmo a pena ler)

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O Rio Ave merecia ganhar. A Naval não merecia perder. Nem empatar. Final sem lógica, traiçoeiro, injusto.
Pelo menos para as aspirações dos homens de Carlos Mozer, que tanto jogaram em Vila do Conde. Nenhuma ditadura, muito menos a resultadista, devia punir alguém que de forma tão sublime é capaz de fazer sorrir.

No meio de tanto e tão bom futebol houve um golo. Para elevar os níveis de encantamento, um golo soberbo! O relógio apontava entusiasmado o minuto 13. Bola diluída pela defesa da Naval, perdida na atmosfera até encontrar o pé esquerdo de Milhazes. Choque tumultuoso, tiro em arco às malhas interiores da baliza. O Rio Ave marcava e assegurava logo ali, ainda sem saber, a formalização da candidatura europeia.
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Bola à flor da relva, triangulações, cruzamentos, procura incessante pelo golo e algumas oportunidades claras para o fazer. Perto do fim, por exemplo, Paulo Santos roubou com um atrevimento de um adolescente convencido o golo ao inefável Fábio Junior.

O jogo é mesmo assim. Desprovido de lógica, viciado na surpresa*, testemunha das mais loucas diatribes. Que fique bem claro, porém, que o elogio à Naval não implica a crítica negativa ao Rio Ave. Nem pensar.

Talvez sem o alarde estilístico da Naval, os homens de Carlos Brito cumpriram mais uma tarde de futebol convincente. São já sete vitórias nos últimos nove jogos e um posicionamento com vista privilegiada sobre o panorama europeu.

Além do golo de Milhazes, o Rio Ave teve uma bola de João Tomás ao poste e um pontapé de Wires interceptado por Rogério Conceição em cima da linha de baliza. E teve, acima de tudo, um futebolista em 90 minutos de esplendor.

Yazalde foi um minotauro, com tanto de homem como de touro. Um avançado mitológico na esquerda vilacondense. Só lhe faltou marcar, de facto.

Soma, então, o Rio Ave mais três pontos. A Naval perde e complica as contas da permanência. O que apetecia mesmo era ver mais 90 minutos nos Arcos. Aqueles cinco minutos de descontos foram manifestamente poucos para tanta vontade e ardor.
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*NB- esta do "viciado na surpresa" faz-me lembrar muitos resultados do passado que eram surpreendentemente viciados no calor da noite...

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