quinta-feira, 14 de julho de 2016

Notas finais sobre o Euro, parte 3

Na América diz-se: defense wins championships. Vão ver a história dos vencedores da SuperBowl deste ano, os Denver Broncos. Jogaram contra uma superpotência atacante, os Carolina Panthers e secaram essa equipa de forma impressionante. Os Broncos foram muito inteligentes. O seu quarterback era simplesmente o quarterback com praticamente todos os recordes da NFL. Um dos melhores jogadores atacantes de sempre do futebol americano. Então os Broncos fizeram dele a sua arma principal? Não. A idade dele já era avançada; e ele teve uma lesão grave a meio da época. E eles tinham uma excelente defesa. Peyton Manning deu-lhes a experiência, o controle, o savoir faire. Quem ganhou a Superbowl, uma Superbowl menos espectacular do que as anteriores, foi a defesa dos Broncos. Houve críticas nos EUA? Talvez, mas poucas. Em geral os Denver foram felicitados pelo feito de vencer a Superbowl

Portugal foi uma equipa que pôs em campo o seu potencial defensivo e que tentou jogar com as armas que tinha. Em especial que sabia que o seu adversário tinha menos 1 dia de descanso, o que podia fazer toda a diferença em termos físicos, em especial se o treinador francês mantivesse o mesmo team da meia-final. Que mal há em tirar partido do que se tem? A Espanha tinha e tem excelentes jogadores a manter a posse de bola e a passar, mas poucos a rematar de longe ou a cabecear. Portanto... desenvolveram o tiki-taka. O tiki-taka é uma maneira eficaz de defender, pois retira o que o adversário quer ter para atacar, a bola. Retira-lhe tempo de bola, oportunidades. É uma táctica enervante, exasperante de observar, mas oh, é a Espanha, é intocável. Mas se Portugal faz um tiki-taka sem bola, isso já é muito mau. Ranieri analisa o que tem e idealiza uma táctica para ganhar jogos, normalmente pela margem mínima: bola para a frente e alguém há de chutar para a baliza e marcar (aliás, a táctica da darling Islândia). Depois de Vardy ou Mahrez marcarem o tal golito, defender defender defender. Mas, ah, é giro, é fashion que o underdog Leicester ganhe. Portugal, sem o seu melhor jogador em campo, ceifado sem dó nem payet-dade, qual Maradona trucidado por Goikoetxea, qual Battiston abalroado por Schumacher em 1982, faz um jogo normal que no tempo normal acaba 0 a 0. Adopta uma táctica vista em Selecções como a Itália, Grécia, França (contra a Alemanha). Mas sendo Portugal... ah, foi uma fraude. Não se percebe.

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